Podemos dizer, sem medo de errar, que o marco inicial do futebol pernambucano foi erigido no momento da fundação do Sport Club do Recife: ambos completam-se e confundem-se.
A saga rubro-negra, a exemplo do ocorrido em outras cidades, começa através de um estudante local, recém chegado de período de estudos na Europa. Em nosso caso, trata-se de Guilherme de Aquino Fonseca.
Foi justamente este um dos obstáculos a serem superados por Guilherme, visto que os jovens não se interessavam a praticar esportes, seja por desânimo, seja por alegado respeito, já que era moralmente inaceitável observar pessoas trajando calções, deixando as pernas á mostra. Guilherme, então, procurou o apoio de um dos clubes sociais já existentes na capital pernambucana: o Clube Náutico Capibaribe. Obteve resposta negativa de Bento Magalhães, um dos influentes diretores do clube, que não considerava o futebol como um esporte, mas uma troca de pontapés, além de salientar que seu clube destinava-se apenas ás competições aquáticas.
Perseverante em seus objetivos, Guilherme aproximou-se da comunidade inglesa do Recife, composta sobretudo por funcionários da Great Western e Western Telegraph, que costumavam jogar futebol nos finais-de-semana. Investido em seu inglês fluente, Guilherme passou a ser um dos frequentadores assíduos das partidas, disputadas ainda sem o número necessário de jogadores, na Campina do Derby.
Em 1904, conseguiu formar a primeira equipe de jogadores locais, para enfrentar os funcionários ingleses. Não se tem notícia do resultado da partida. Para a fundação do Sport Club do Recife, faltava apenas um passo, que foi dado nas costumeiras reuniões realizadas na Casa Metrópole, de propriedade de Guilherme. Decidiram os "sportsmen" da época fundarem um clube para a prática do futebol. Conseguiu-se o auditório da Associação dos Empregados do Recife, onde se fez uma assembléia com o objetivo de fundar o Sport Club do Recife (Á época, ainda sem o "do"), em 13 de maio de 1905. Eis uma síntese de ata: "Como preliminar, o eleito para dirigir os trabalhos o senhor Boaventura Alves Pinho, sob aplausos gerais. Á grande mesa, sentam-se os vários desportistas, e outros, por falta de lugar, permanecem de pé. Presidindo os trabalhos, Boaventura designa para secretários os Srs. Elysio Alberto Silveira Sobrinho e Paulino Miranda. Pela ordem, pede a palavra Frederico Rufilo d'Oliveira que, em eloquente discurso, expõe a finalidade da reunião, dizendo também que, naquele momento, uma parte do ideal de Guilherme de Aquino Fonseca ficava concretizada. Voltando a palavra para a presidência, Boaventura declara que o Sport Club Recife está fundado. Uma salva prolongada de palmas se faz ouvir. Neste ambiente de euforia, o presidente nomeia uma comissão composta dos já associados Guilherme de Aquino Fonseca, Paulino Miranda e Elysio Alberto Silveira Sobrinho para elaborar o anteprojeto do Estatuto. Estes sócios aceitaram a incumbência, prometendo dar desempenho ao mandato o mais breve possível. Sala das Sessões do Sport Club Recife, em 13 de maio de 1905.
Presidente: Boaventura Alves Pinho
1º secretário: Elysio Alberto Silveira Sobrinho
2º secretário: Paulo Miranda
Sócios fundadores: Boaventura Alves Pinho, Paulino Miranda, Guilherme de Aquino Fonseca, Alberto Bandeira de Melo, Frederico Rufilo d'Oliveira, Joaquim da Silva Pereira, Augusto Pereira d'Oliveira, Oscar Gonçalves Torres, Guilherme Rodrigues da Silva, Alberto Teixeira Saraiva, Mello Resende, Carlos de Mello Resende, Sálvio Nery da Fonseca, Osvaldo Nery da Fonseca, Augusto Brandão da Rocha, João da Silva Regadas, Oscar Arthur dos Santos, Carlos D. Von Sohsten, Arthur Nogueira Lima, Albino Pereira Magalhães, Delphim d'Azevedo Palmeira, Eduardo da Silva Coelho, Vicente da Silva, Carlos Menezes, Raymundo C. da Silva, Francisco Caracciolo Mages Coelho, Joaquim Loureiro, Augusto G. Fernandes Júnior, Francisco José de Mello, Oscar Amorim, Alberto Amorim, Mário Sette, Elysio Alberto.
O imperador Adriano ele seria uma boa contratação para a serie ''B''
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